quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A liberdade é para poucos- e eu não estou na lista

Desde que eu comecei a descer os pelos do coelho, e isso já faz milênios, tenho visto, ouvido e estudado muitas coisas. Talvez coisas demais. E isso me deixa confusa pacas! Já tive épocas de questionar minha fé e de desejar muito ser gnóstica ( esse pessoal que diz "No creo, pero que las hay, las hay!"), mas Deus não deixou e eu não consegui. Tenho amigos que conseguem se apofundar em filosofia, estudar ciências que andam no limite da blasfêmia , como a física quântica, e buscam conhecer as variadas religiões existentes sem que nada disso lhes afete, mas, infelizmente, isso não é pra mim.
Sempre gostei de mitologia greco-romana. Sempre quis saber o que se passava no meridiano totalmente oposto ao da Palestina nos tempos de Cristo, ou sobre as religiões dos povos amarelos.  Sempre quis saber o que acontecia com os povos minoritários e acho que essa é minha principal ligação com os índios. Graças a Deus, quando fui estudar Antropologia da Religião, o Tiuwiri disse que até a cultura é instrumento de Deus para fazer o homem se aproximar d'Ele. Isso me acalmou bastante, mas para o bem da minha saúde mental, decidi parar de pensar nisso tudo.
Hoje vi minha sede em outros olhos e tive medo. Me senti responsável por aquela mentezinha jovem demais, verde-claro de tão tenra e tão curiosa. Num ímpeto, não me reconheci dizendo para ele parar. Não vá atrás de outros conhecimentos enquanto não tiver raízes fortes o sufuciente para não se deixar levar por 'qualquer vento de doutrina'. Ventos podem virar furacões e querer te arrancar do chão. Depois que beber bastante da Água da Vida, se for mesmo útil,  talvez -  e outra vez vos digo: talvez - seja interessante conhecer. Nem tudo é lixo, nem tudo é lama, mas isso há também e tem braços que tentam agarrar, tragar.
Por causa disso, resolvi não criar mais minhocas no meu sótão. Elas crescem, se juntam e tentam engolir a mente como uma anaconda.

domingo, 14 de agosto de 2011

Afonia, o Som da Gratidão

 Estou rouca há quase duas semanas. Passaram-se dois domingos e eu não estou cantando nada, nada. Sinto falta de cantar, de ouvir uma música e acompanhar, de louvar.  E, infelizmente pra mim, só sei louvar, louvando. Eu não sei LIBRAS, não sei dançar e não toco nenhum instrumento, então só consigo louvar com a voz. Inicialmente fiquei irritada com as situações decorrentes do silêncio forçado, mas não conseguir falar nesses dias me fez parar e tentar perceber o popósito de Deus nisso.
Tenho pensado muito nas pequenas coisas que temos e passam despercebidas nas orações de agradecimento. Agradeço a Deus pela minha voz e pela oportunidade de poder usá-la para louvar. Agradeço porque posso ver com meus olhos todas as cores da criação de Deus. Posso pensar e escrever, posso caminhar e correr, posso abraçar e sinto quando me abraçam. Mesmo não podendo cantar e louvar, eu posso falar a Deus o que vai no meu coração a Seu respeito. Posso dizer às pessoas sobre sua importância na minha vida e posso ouvir delas como posso melhorar nossa convivência.
O silêncio facilita a percepção das coisas. Sou grata a Deus pelo crescimento do Ministério de Louvor, pela chegada e capacitação dos novos backing vocals e mais do que qualquer coisa: sou especialmente grata a Deus porque a adoração não depende da minha voz, mas do meu coração. No meio da congregação, sem me preocupar em entrar no momento certo e na nota certa, sem me importar com quem está ou não ao meu lado, adorei a Deus com a música do meu coração. O ritmo grato e reverente do meu silêncio.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A árvore e o vento


Quando a sementinha abriu seus olhos de folha e viu o Sol pela primeira vez, uma brisa leve a saudou com um beijo e a ternura daquele ato selou a amizade de uma vida. Dia após dia, no retorno de seus passeios cheios de aventuras, a brisa se aproximava e, com carinho, afagava as folhas que saiam da terra.
Elas, por sua vez, apontavam para cima o mais que podiam, porém o máximo que conseguiam era crescer mais um milímetro. Sua esperança era um dia poder voar junto com a brisa e conhecer as fontes de seu frescor e vivacidade. Já ouvira outras plantas comentarem que a brisa podia transformar-se em vento forte e até furacão nas suas incríveis demonstrações de força. Enquanto falavam, ninguém além da plantinha notava que, mesmo em meio a um tornado, ainda estava a mesma brisa suave de antes. Ali, presa na terra, criando raízes e crescendo milímetro a milímetro, ela observava as evoluções de sua amiga inquieta.

O tempo passou e, mesmo em constante correria, o vento sempre arrumava estratégias pra tocar o chão onde sua amiga verde se desenvolveria lentamente até tornar-se uma grande árvore. Durante o período das flores, quando os ventos realmente trabalham bastante, ele demorou um pouco mais para retornar e perdeu o momento exato das primícias dos frutos, cedendo a vez para outra rajada de vento. Acometeu-se, então, de um pesar tão intenso que o fez desacelerar, tornar-se brisa... Aquela árvore parecia ser a única constância em sua vida tão multifacetada.

Só aí percebeu que, desde tão tenra, ela se esticava toda para estar com ele. Só aí percebeu seus sorrisos de admiração e as palavras de incentivo a voos mais altos. De repente foi inundado pelo desejo de mostra-lhe tudo que conhecia! Quis leva-la a penhascos, bosques, estradas, campos, cachoeiras... Tudo o que tinha visto com os olhos dos anos. Num impulso foi ter com ela e a suavidade da primeira carícia foi surpreendentemente substituída pelo alvoroçar das folhas nos galhos. E elas, tão felizes, cantaram de gratidão.

A árvore ansiava por aquele momento havia tanto tempo que nem conseguia se lembrar, mas nem em seus sonhos mais cálidos, suas folhas seriam capazes de cantar ao reconhecer sua querida brisa em meio à ventania. Ele veio, com sorrisos esvoaçantes, contar-lhe os planos etéreos, mas aquela proposta ia muito além do que qualquer árvore podia executar em sua existência. Ultrapassava todos os limites, essa palavra desconhecida para o vento e que havia pautado toda a vida verde que se prendia ao chão.

Mesmo assim, por um segundo, permitiu que aquele sentimento de liberdade lhe enchesse a seiva, percorrendo como eletricidade toda sua extensão. Até que chegou às raízes, hoje tão profundas e sempre necessárias. Elas não eram sua prisão, mas fonte de vida de sues galhos e de suas expressivas folhas. Compreendeu, com a serenidade de quem não vive em trânsito, que é da natureza da árvore estar no chão da mesma maneira que é própria do vento a falta de fronteiras. Por isso se admiram, por isso dependem um do outro.

Ele dela, para lembrar-se de ser brisa. Ela dele, para fazer cantarem as folhas.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sopre pra Mim

Sopre pra me dizer que está presente
Sopre pra mim de presente
Sopre o amor atemporal que te trouxe até aqui.

Sopre o tempo dos dilemas intermináveis
e das soluções, cheias de açúcar.
Sopre pra mim os sonhos de nuvem,
Aquela firme certeza inocente.

Sopre seu dom de dizer verdades que saram logo.
Sopre a companhia, o baú dos segredos
A cumplicidade das lágrimas que não precisam de porquês.

Sopre pra mim a fala boba,
O riso frouxo, as boas lembranças.
Sopre a esperança.
Sopre-me a vida leve.


Olá Pessoas! No post de estreia, resolvi compartilhar o arremedo de poema que fiz pra os meus 10 amigos mais antigos. Gente que me ama, apesar de mim, há pelo menos, 15 anos. Dei esse textinho acompanhado de uma porção pra fazerem bolas de sabão no final da cerimônia do meu casamento. Gosto de pensar que cada bolinha daquela era um voto de felicidade vindo daqueles corações sinceros, amigos, gentis, confiáveis, sensíveis e absolutamente lindos.